Na Natureza Selvagem

Estudo dirigido do filme: “Na natureza selvagem” (Into the wild, direção e roteiro de Sean Penn, EUA, 2007, cor.). Disciplina: Filosofia do Direito. Professor: Ms. Andityas Soares de Moura Costa Matos. 2009.

1)    Relacione as principais idéias expostas no filme com conteúdos já estudados na disciplina “Filosofia do Direito”. [VALOR: 3 PONTOS – MÁXIMO DE 10 LINHAS]

Platão. Alexander Supertramp é fruto do mundo das ideias, vive da citação de autores, contempla um mundo ideal no qual gostaria de viver, inclusive na cena de sua morte. Ser (Christopher) e dever ser (Alexander) em Kant. Aristóteles. No processo da evolução é que se apresenta realidade – apesar do curto espaço de tempo, ao longo da jornada (2 anos) Alex Supertramp vai se descobrindo Christopher McCandless. A busca parece marcada pelo conceito de eudamonia (felicidade) e autarkéia (autonomia). Estoicismo. A capacidade de julgamento individual, a liberdade de pensamento. De certa forma o filme mostra os conceitos de ataraxia (indiferença em relação a tudo que não realiza a liberdade interior) e apatheia (pessoa que conseguiu vencer as paixões). O sábio é o ponto final do estoicismo; ele tem a visão do todo – é o que pretende mostrar o filme, ao chamar o último capítulo de “A conquista da sabedoria”. São Tomás de Aquino. Direito de resistência ao ir contra absurdos como a fila de espera de 12 anos para descer um rio num caiaque e usar meias para trabalhar. Hobbes. O homem é mau. Essa é uma dedução generalizada de Supertramp a partir de sua experiência negativa com a família.

2)    Como você avalia a atitude do personagem central do filme, Christopher McCandles? Compare os objetivos, as crenças e os projetos de Christopher com os seus e faça uma avaliação pessoal das propostas contidas em “Na natureza selvagem” tendo em vista a sua própria vida. Apesar de pessoal, a resposta deve ser fundamentada, objetiva, lógica e escrita em linguagem escorreita. [VALOR: 5 PONTOS – MÁXIMO DE 20 LINHAS]

Típica atitude (extremada) de um indivíduo que tem problemas na formação de sua identidade. Isso pode ser reforçado pela “idolatria” a Wayne, para quem escreve a maioria das vezes. Muitos estudos comprovam alterações biológicas nas diversas fases do desenvolvimento humano, e a própria antropologia (além da psicologia, é claro) discute a importância dos laços de família na formação do indivíduo. Ao contrário do comentário focado nos bens materiais de Joe Morgenstern (The Wall Street Journal), discordo que Christopher McCandless seja “um jovem rapaz que abandona sua vida de conforto”, pois a história de sua família na verdade é marcada por desconfortos e um ambiente desfavorável à formação de sua identidade – por isso tem de criar um novo nome, para rejeitar o mundo do ser que está diante dele… E a sabedoria final diz respeito ao reconhecimento do nome de batismo, e numa cena única em que ele escreve nos livros de seus “gurus”, assume que a felicidade somente faz sentido quando compartilhada.

É claro que “traços de rebeldia” são marcantes no desenvolvimento de todo ser humano. Já tive momentos, como todo mundo, de isolamento e introspecção profunda. Sempre questionei o porquê das situações, acho muitas coisas totalmente desnecessárias e cursar Direito nessa altura da minha vida é uma forma de tentar compreender melhor diversas situações que considero, a princípio, ”injustas”.

Concordo com a visão de que “alcançar a sabedoria” é reconhecer nossos limites, e que o convívio social é essencial para nossa realização pessoal. Aceitar as diferenças é fundamental – aprendemos muito sobre nós mesmos.