Seria a Ciência da Informação um “camaleão científico”?

O camaleão é representante de um grupo de animais curiosos, que assumem diversas formas para se defender e sobreviver. Na iminência do perigo, ele demonstra seu mimetismo vigoroso. É possível aos pesquisadores estudarem separadamente cada “ocorrência” desse mimetismo, cada momento de transformação. Mas essas diversas “visões de camaleão” comungam de uma premissa essencial: trata-se de um camaleão, antes de tudo. Nesse sentido, ele representa uma estrutura (camaleão) flexível (capaz de assumir diversas cores). Mesmo que no futuro sejam descobertas novas formas de adaptação do camaleão, ainda sim o conhecimento sobre essa sua estrutura será proveitoso, organizado e fundamental. Ele possui uma estrutura que permite diversos arranjos, cores que se confundem com o ambiente – mas ainda sim, é um camaleão.

Seria a Ciência da Informação um “camaleão científico”? Podemos considerar cada cor assumida pelo camaleão como um sentido epistemológico diferente, e classificá-lo como poli-epistemológico – parece ser este o cenário atual da Ciência da Informação. Mas não seria interessante refletir sobre uma epistemologia direcionada à sua “estrutura flexível”, e todos os múltiplos sentidos na verdade corresponderiam a um mimetismo vigoroso dessa Ciência? Nesse caso, resta ainda a descoberta de sua “estrutura flexível”.

O termo “informação” pode assumir várias definições ou interpretações que dependem do contexto: cada trabalho produzido utiliza uma dessas definições, justifica-se nesse determinado contexto, e insere-se na área. E, de acordo com a definição adotada, fica claro que ele pertence à área – o trabalho, em si, é coerente. Mas múltiplas definições (nos diversos trabalhos) não podem significar, em certo sentido, múltiplos objetos com um nome comum? O objeto de uma ciência pode ser redefinido a cada trabalho? Em caso positivo, esse objeto ambíguo não torna frágil a Ciência da Informação? Como avaliar as contribuições para a área, se cada trabalho for coerente a partir de uma definição diferente adotada para o termo “informação”? Cada vez mais não seria reforçada a fragmentação, a dispersão, a não convergência? Como ser interdisciplinar, justificar-se interdisciplinar, se antes não se consolidar intradisciplinar?